O VOO
Goza a euforia do voo do anjo perdido em ti.
Não indagues se nessas estradas tempo e
vento desabam no abismo.
Que sabes tu do fim?
Se temes que teu misterio seja uma noite,
enche-o de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu voo leva sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão, pressipitares
que amanhã estarás mudo, esgota, como um pássaro,
as canções que tens na garganta.
Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste não és mais que um voo no tempo.
Rumo ao céu?
Que importa a rota?
Voa e canta enquanto lhe resistirem as asas.
AUTOR: Menotti Del Picchia
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